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Dentes a partir de células-tronco

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A Universidade de São Paulo (USP) vai criar, em parceria com a instituição britânica King´s College London, um laboratório para produzir dente vivo usando células-tronco. O objetivo é usar a polpa desses dentes para remendar, ou até mesmo recriar, a dentição danificada. Saiba mais sobre esse projeto na entrevista concedida pela Cirurgiã-Dentista, professora da FOUSP e do King´s College London e coordenadora do projeto Andrea Mantesso ao APCD Online.

APCD Online – Como surgiu a ideia de usar a polpa dos dentes de leite para recompor ou recriar a dentição danificada?
Andrea Mantesso - As células-tronco podem formar diferentes tipos celulares. Por isso a ideia de usá-las para formar tecidos é somente uma consequência do conhecimento de sua capacidade. As células da polpa de dentes de leite são boas para se formar tecidos dentais, mas elas não são efetivas para formar a terceira dentição, pois não respondem bem nos experimentos de recombinação celular.

APCD Online – E como esse processo funciona?
Andrea - A técnica da terceira dentição consiste em combinar células epiteliais e mesenquimais (tecido conjuntivo) de origem dental para recriar a odontogênese na placa do laboratório. Depois que essas células já começaram a formar um novo dente, esse germe dental que cresceu no laboratório é então transplantado in vivo para ganhar suprimento sanguíneo.
Já para a engenharia de tecidos perdidos parcialmente (por exemplo polpa ou ligamento periodontal), as técnicas variam de acordo com o uso desejado. É importante salientar que, para ambos os casos (terceira dentição ou reparação parcial), ainda não existe um protocolo clínico e é necessário tempo para aprimorar os resultados das pesquisas.

APCD Online – E como surgiu a oportunidade de a USP se unir a King´s College para criar esse laboratório?
Andrea - Trabalho no King’s College desde 2006 e, com o tempo, a união dessas duas instituições começou a ficar mais forte. Hoje temos 5 projetos de pesquisa com participação de pesquisadores dos 2 países. O laboratório de células-tronco em Odontologia será financiado e construído exclusivamente pela USP, mas possibilitará o desenvolvimento dos projetos de pesquisa que temos em colaboração e de outros que estão em planejamento. Por outro lado, o King’s College vai receber nossos alunos e pesquisadores nas suas dependências também.

APCD Online – O uso de células-tronco de células de dentes de leite não levanta uma polêmica ética como o uso de células-embrionárias, correto?
Andrea - O uso de qualquer tipo de célula-tronco adulta não levanta o mesmo tipo de polêmica ética causado pelo uso de células-tronco embrionárias. No caso dos dentes, ainda devemos considerar o fato dos mesmos serem uma fonte extremamente acessível. Por exemplo, para as células de polpa de dente decíduo temos 20 dentes que caem naturalmente, para as células de polpa de dentes permanentes, podemos acessar a polpa sem necessidade de remoção do dente, e para a obtenção das outras populações como do ligamento periodontal e papila apical, ainda temos os terceiros molares que comumente são extraídos.

APCD Online – Por que usar as células-tronco dos dentes de leite e não de dentes permanentes, por exemplo?
Andrea - Todas as populações de células-tronco podem ser usadas. Aliás, elas apresentam características diferentes e por isso terão aplicações diferentes no futuro.

APCD Online – Como seria a captação desses dentes de leite?
Andrea - Ainda não definimos nenhum parâmetro para a captação de material, mas seguramente isso será feito nas clínicas da FOUSP.

Fonte : http://www.apcd.org.br
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